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Tales Faria

Toffoli e Gilmar apoiam Renan e Maia nos bastidores do Congresso

Tales Faria

01/02/2019 04h01

"Eu também tenho acesso na Justiça. Já levei muitos deputados para conversas no Supremo Tribunal Federal", disse o deputado Fabio Ramalho (MDB-MG) a um grupo de colegas de seu partido.

Candidato a presidente da Câmara, Fabio Ramalho reagia à informação de que o presidente do STF, Dias Toffoli, e o ministro Gilmar Mendes entraram na campanha de Rodrigo Maia (DEM-RJ) pela presidência da Câmara e, no Senado, por Renan Calheiros (MDB-AL).

Na conversa, os deputados disseram que os ministros do STF defenderam os dois candidatos junto a senadores e deputados. Avaliaram que a cúpula da Justiça prefere Renan e Maia como uma forma de blindar o Legislativo e o Judiciário contra eventuais arroubos de poder do presidente da República, Jair Bolsonaro.

Renan e Maia vão para a disputa, hoje, com o apoio das cúpulas dos principais partidos do Congresso.

Assim como os ministros do STF, os chefes dos partidos tradicionais também não morrem de amores pelo novo presidente da República. O consideram um outsider que sempre atuou contra eles.

Tanto Renan Calheiros como e Rodrigo Maia também estão acertando uma aliança com aqueles que orientam o dia a dia do mercado. O foco, nesse caso, é o ministro da Economia, Paulo Guedes.

O chamado "Posto Ipiranga" do governo encanta os agentes econômicos com suas propostas ultraliberais e já teve encontros  com os candidatos do MDB e DEM ao comando do Congresso.

Se o jogo der certo, Bolsonaro poderá comandar o Palácio do Planalto, divertir-se com sua reforma conservadora dos costumes e com o contado direto dos eleitores, na rua ou na internet.

Mas o centro do poder continuará onde sempre esteve: com o mercado e os partidos tradicionais.

O presidente, por sua vez, também estará blindado. Tem o apoio de um setor poderoso para permanecer onde está: a caserna.

Os militares mais estrelados não morrem de amores por Bolsonaro, que já atuou como um insurreto dentro do Exército. Mas estão encantados com a volta dos fardados aos postos de comando do Planalto. Sentem-se redimidos pelo voto popular depois do desgaste em sua imagem provocado pelo período de ditadura.

Os ministros das 3 Forças e os generais mais antigos voltaram a falar grosso na Esplanada dos Ministérios e na Praça dos 3 Poderes, prerrogativa que lhes foi tirada no processo de redemocratização do país. Isso é o que importa para eles.

Tudo junto e misturado, a ideia é simples: por um lado, tutelar o novo mandatário do Palácio do Planalto. Pelo outro, garantir sua permanência onde está, sem asfixiá-lo.

Sobre o autor

Tales Faria largou o curso de física para se formar em jornalismo pela UFRJ em 1983. Foi vice-presidente, publisher, editor, colunista e repórter de alguns dos mais importantes veículos de comunicação do país. Desde 1991 cobre os bastidores do poder em Brasília. É coautor do livro vencedor do Prêmio Jabuti 1993 na categoria Reportagem, “Todos os Sócios do Presidente”, sobre o processo de impeachment de Fernando Collor de Mello. Participou, na Folha de S.Paulo, da equipe que em 1986 revelou o Buraco de Serra do Cachimbo, planejado pela ditadura militar para testes nucleares.

Sobre o blog

Os bastidores da política pela ótica de quem interessa: o cidadão que paga impostos e não quer ser manipulado pelos poderosos. Investigações e análises com fatos concretos, independência e sem preconceitos.