Nos bastidores, saída de Santos Cruz aumenta cerco de militares a Bolsonaro
O general Santos Cruz perdeu o comando da Secretaria de Governo da Presidência por um simples motivo: o presidente Jair Bolsonaro considerou insustentável o relacionamento com o auxiliar direto.
Além de não se dar mais com os filhos do presidente, Santos Cruz passou a bater de frente com o novo secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten. O clima entre os dois ficou, de fato, insuportável.
Santos Cruz era um amigo antigo de Bolsonaro. Mas o relacionamento trincou desde que o general começou a não se entender com o filho pitbull do presidente, Carlos Bolsonaro, e trocou desaforos com o guru do Bolsonarismo, Olavo de Carvalho.
Numa última tentativa de esfriar a guerra, Bolsonaro convenceu os filhos a suspenderem os ataques ao general. Carlos parou. O próprio Olavo passou a controlar suas críticas.
Mas aí surgiu outro problema: o recém-nomeado Fábio Wajngarten. A escolha do secretário de Comunicação da Presidência não passou pelo crivo do general que o chefiaria e os dois logo começaram a disputar o poder real sobre a área de Comunicação.
Fabio chegou a denunciar o chefe direto, a quem estava subordinado, para o presidente da República. Entregou a Bolsonaro uma troca de mensagens no Whatsapp que atribuiu ao general. Nela, supostamente Santos Cruz chamava o presidente de idiota.
Bolsonaro colocou o general e Wajngarten frente a frente numa reunião para esclarecer o assunto no Palácio, com a presença do general Augusto Heleno e do chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni.
Desde então, quase que diariamente Santos Cruz passou a reclamar do secretário com o presidente. Até Bolsonaro concluir que não teria mais como permanecer com o general como seu auxiliar.
Mas aí surgiu outro problema: como tirar do cargo um general da ativa, respeitado, sem provocar uma crise militar?
Bolsonaro consultou outros dois generais do Palácio, Augusto Heleno e o ex-comandante do Exército Villas Bôas Correia, que por sua vez consultaram o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e o comandante do Exército, Edson Leal Pujol.
A solução apresentada ao presidente foi a de colocar outro general no lugar, para minimizar as versões de que um subordinado, Wajngarten, derrubou o chefe, Santos Cruz. Daí surgiu o nome do novo secretário de Governo, Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, comandante militar do Sudeste e também amigo de Bolsonaro.
Ou seja, foi uma verdadeira operação militar em que, embora o presidente aparentemente tenha demonstrado força, na prática ele estará mais ainda nas mãos dos militares.
Não dá para Wajngarten, Carlos Bolsonaro e Olavo de Carvalho arrumarem encrenca com este também. Saiu um general enfraquecido e entrou um general forte.
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