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Tales Faria

Bolsonaro chama Congresso para a briga e Rodrigo Maia finge que não entende

Tales Faria

23/06/2019 11h36

 

O presidente Jair Bolsonaro mobilizou seus filhos e a hostes bolsonaristas na internet para mais uma briga com o Congresso.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não quer passar recibo: desconfia que Bolsonaro tem interesse em puxar briga, às vésperas da votação da reforma da Previdência.

A estratégia do Planalto tem se repetido: sempre que o Congresso vai votar um projeto de interesse do presidente, Bolsonaro radicaliza o discurso contra os políticos.

A tropa bolsonarista nas redes sociais parte, então, para pressionar o Congresso.

Nesta semana, a comissão especial que analisa a reforma da Previdência pode votar o relatório do deputado Samuel Moreira (PSDB-SP). O governo vai tentar recolocar no texto o regime de capitalização e regras de transição da proposta original do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Neste, sábado, o presidente criticou um outro projeto aprovado pela Câmara, que trata das agências reguladoras, com um novo grito de guerra: disse que o Congresso quer transformá-lo numa "Rainha da Inglaterra".

Bastou isso e começaram a circular posts do tipo:

Carlos Bolsonaro, o filho Zero-Dois do presidente, postou um tuíte segundo o qual o Congresso quer "tomar à força" o poder do seu pai:

Rodrigo Maia decidiu não responder diretamente. Perguntado sobre o assunto, se limita a dizer apenas:

"Claro que ninguém quer tirar o poder do presidente."

Especificamente quanto ao projeto que tramitou no Congresso, sobre as agências reguladoras e que motivou a declaração de Bolsonaro, Maia insiste:

"O presidente não perde prerrogativa alguma. O projeto não tira nenhum poder do presidente e não delega nada novo ao parlamento".

 

Sobre o autor

Tales Faria largou o curso de física para se formar em jornalismo pela UFRJ em 1983. Foi vice-presidente, publisher, editor, colunista e repórter de alguns dos mais importantes veículos de comunicação do país. Desde 1991 cobre os bastidores do poder em Brasília. É coautor do livro vencedor do Prêmio Jabuti 1993 na categoria Reportagem, “Todos os Sócios do Presidente”, sobre o processo de impeachment de Fernando Collor de Mello. Participou, na Folha de S.Paulo, da equipe que em 1986 revelou o Buraco de Serra do Cachimbo, planejado pela ditadura militar para testes nucleares.

Sobre o blog

Os bastidores da política pela ótica de quem interessa: o cidadão que paga impostos e não quer ser manipulado pelos poderosos. Investigações e análises com fatos concretos, independência e sem preconceitos.