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Tales Faria

Derrota de Renan no Senado enterra o velho comando do MDB

Tales Faria

02/02/2019 21h55

O velho MDB foi o grande derrotado da eleição de Davi Alcolumbre (DEM-AP) para presidente do Senado neste sábado (2).

E o chefe do partido na Casa nem teve tempo para operar a metamorfose do velho Renan Calheiros (AL) para o que chamava de "novo Renan".

O senador Alagoano perdeu a disputa para Alcolumbre em meio a uma brigalhada em que o velho Renan preponderou sobre o novo.

Junto com o candidato do MDB a presidente do Senado, outro grande derrotado foi o seu principal cabo eleitoral: o líder do partido, senador Eduardo Braga (AM).

Já a antiga líder, Simone Tebet (MS) –derrubada do cargo numa disputa interna contra Renan e Braga– acabou atuando como articuladora decisiva da vitória de Alcolumbre.

Em seu primeiro discurso após ser eleito, Davi Alcolumbre deixou clara a gratidão por Simone.

A senadora será o principal canal do partido junto ao novo mandatário do Senado. E deve ser premiada com a presidência da mais importante comissão permanente, a de Constituição e Justiça (CCJ).

Como na política quem detém o poder costuma ganhar mais adeptos, é provável que a bancada emedebista, rachada ao meio, agora passe a ter maioria a favor de Simone Tebet.

Se o grupo de Renan e Braga decidir pelo enfrentamento, o líder corre o sério risco de perder o cargo.

O resultado final da encrenca é que o velho MDB, que saiu enfraquecido das urnas, também tornou-se fraco no Parlamento.

Não fez o presidente do Senado e, na eleição da Mesa da Câmara, também ficou sem nenhum cargo importante.

A velha cúpula do partido hoje é quase toda composta por derrotados.

O presidente da legenda, Romero Jucá (RR), não foi reeleito.

O tesoureiro e ex-presidente do Senado, Eunício Oliveira (CE), também saiu derrotado das urnas em outubro de 2018.

E o presidente de honra, Michel Temer (SP), deixou o Palácio do Planalto amargando os piores índices de popularidade de um ex-presidente da República.

Agora o partido vai discutir como catar o cacos;

Sobre o autor

Tales Faria largou o curso de física para se formar em jornalismo pela UFRJ em 1983. Foi vice-presidente, publisher, editor, colunista e repórter de alguns dos mais importantes veículos de comunicação do país. Desde 1991 cobre os bastidores do poder em Brasília. É coautor do livro vencedor do Prêmio Jabuti 1993 na categoria Reportagem, “Todos os Sócios do Presidente”, sobre o processo de impeachment de Fernando Collor de Mello. Participou, na Folha de S.Paulo, da equipe que em 1986 revelou o Buraco de Serra do Cachimbo, planejado pela ditadura militar para testes nucleares.

Sobre o blog

Os bastidores da política pela ótica de quem interessa: o cidadão que paga impostos e não quer ser manipulado pelos poderosos. Investigações e análises com fatos concretos, independência e sem preconceitos.