Novo comando do Senado mostra que velho MDB muda para permanecer vivo
Foi Tancredi, do romance "O Leopardo" de Tomasi di Lampedusa, e não Tancredo, do MDB, quem disse: "Se quisermos que tudo continue como está, é preciso que tudo mude".
Mas a famosa frase bem poderia ter sido dita por alguém do velho partido do velho Renan Calheiros (AL), que foi derrotado na eleição do Senado por Davi Alcolumbre (DEM-AP) graças ao apoio da ex-líder da bancada emedebista Simone Tebet (MS).
O velho Renan está recolhido nas Alagoas. O novo, que vem por aí, ainda não se sabe como atuará.
Mas o novo MDB já deu sinais do seu caminho na definição dos nomes indicados pelo partido para compor a Mesa diretora e as comissões permanentes.
Como este blog já comentou, o velho MDB tinha, além do velho Renan, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (CE), que não se reelegeu, o líder e presidente do partido, Romero Jucá (RR), que também não se reelegeu senador, e o presidente de honra Michel Temer…
O novo MDB, até o momento, tem como maior expressão Simone Tebet, que ficou com a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Casa.
Seu aliado na disputa interna do partido, Dario Berger (SC) deve ficar com o comando da comissão de Educação.
Com a legenda enfraquecida após as derrotas de seus caciques, sobrou para o novo MDB na Mesa Diretora apenas o comando da Segunda Secretaria, com Eduardo Gomes (TO). Aí começa a metamorfose emedebista para "continuar tudo como está".
Eduardo Gomes foi trazido para o partido por Renan Calheiros, para ajudá-lo a derrotar Simone Tebet. Mas em meio à sessão de eleição do presidente do Senado já se notava o enfraquecimento do senador alagoano. E Gomes acabou votando em Alcolumbre. Mudou para permanecer onde queria estar. E ficou premiado,
Outro que promete mudar para permanecer é Fernando Bezerra (MDB-PE). Era do grupo de Simone, mas votou em Renan na disputa interna do partido contra a então líder da bancada. Agora voltou ao antigo ninho simonista e se prontifica a assumir como líder do governo.
Isso mesmo: Bezerra é hoje o mais cotado para líder do governo Jair Bolsonaro a que o grupo de Renan se opunha. Mas o grupo não existe mais…
Por fim, tem Marcelo Castro (MDB-PI). Foi aliado do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ). Rompeu e tornou-se ministro de Dilma Rousseff (PT). Depois aliou-se a Michel Temer. Chegou no Senado e aproximou-se de Renan, adversário de Temer. Mas quando viu a brigalhada instituir-se no partido, subiu no muro e depois foi para o lado de Simone.
É um perfeito exemplar emedebista. Deve ficar com o comando da poderosa Comissão Mista do Orçamento.
Hoje os líderes partidários pretendem oficializar todos os nomes das comissões permanentes. Abaixo a nova distribuição por partido:
CAE – Comissão de Assuntos Econômicos: PSD
CAS – Comissão de Assuntos Sociais: PODE
CCJ – Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania: MDB
CCT – Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática: PP
CDH – Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa: PT
CDR – Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo: PSDB
CE – Comissão de Educação, Cultura e Esporte: MDB
CI – Comissão de Serviços de Infraestrutura: DEM
CMA – Comissão de Meio Ambiente: REDE
CRA – Comissão de Agricultura e Reforma Agrária: PSL
CRE – Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional: PSD
CSF – Comissão Senado do Futuro: PRB (ou PSC)
CTFC – Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor: PSDB
CMO – Comissão Mista de Orçamento – MDB
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