'Fica Bebianno!' é recado de independência do PSL e ameaça à reforma
Os tiros desferidos pelo vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente da República, contra o ministro-chefe da Secretaria de Governo, Gustavo Bebianno, despertaram na bancada do PSL um grito de independência em relação aos filhos de Jair Bolsonaro.
A declaração de independência é também um recado para o Planalto em relação à reforma da previdenciária.
A bancada apoia a reforma. Mas não será qualquer reforma. Quer opinar e ter peso nas negociações. Esperava ser chamada para discutir e não foi. Sendo assim, está mais propensa a negociar e seguir as orientações do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Maia foi a voz mais alta a se levantar publicamente contra o post no Twitter em que Carlos Bolsonaro criticou Bebianno. Chegou a dizer que o afastamento do ministro poderia prejudicar a tramitação da reforma previdenciária.
Não é a primeira vez que a bancada do PSL declara-se em estado de rebelião. Foi uma declaração de independência semelhante que levou ao veto de outro filho do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), quando este tentou assumir o papel de líder do partido na Câmara.
Assim que terminou o primeiro turno das eleições, em outubro de 2018, o recém-reeleito deputado deu entrevistas anunciando: seria o líder do governo ou do PSL, "um canal de comunicação" dos deputados com o pai.
Eduardo Instaurou uma revolta entre os colegas. Outros deputados do partido –como Joice Hasselman (SP), o monarquista Luiz Philippe de Orleáns e Bragança (SP), Alexandre Frota (SP) e até o presidente da legenda, Luciano Bivar (PE)– também planejavam ter protagonismo no novo governo. Juntaram-se para barrar o excesso de poder do filho de Jair Bolsonaro.
Eleito presidente da República, o pai teve que arbitrar a disputa. Para controlar a rebelião, procurou nomes menos expressivos. Victor Hugo (GO) ficou como líder do governo e Delegado Waldir, na liderança da bancada.
No Senado, o mesmo movimento foi feito contra o filho mais velho do clã, o senador Flávio Bolsonaro (RJ). Antes de ser atingido pelas suspeitas de lavagem de dinheiro quando deputado estadual, Flávio se insinuou para liderar a bancada. Seus colegas de partido se insurgiram.
Primeiro minaram a tentativa do filho do presidente de se aproximar do emedebista Renan Calheiros. Com o apoio do chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, trabalharam pela eleição de Davi Alcolumbre para presidente do Senado. Depois, elegeram Major Olímpio (SP) como líder da bancada.
A revolta agora no caso de Bebianno contra Carlos Bolsonaro foi ainda mais explícita. Até o líder do partido declarou publicamente que não concordaria com a demissão do ministro. Deu como motivo um verdadeiro tapa nos filhos de Bolsonaro:
"Bebianno tem o apoio do Rodrigo Maia (presidente da Câmara), do Davi Alcolumbre (presidente do Senado) e do delegado Waldir". Isso mesmo, do Waldir! E mais: "Ele não fez nada grave. Um debate mais apimentado com o filho do presidente não é motivo para sair".
No fundo o grande medo de todos os que cercam Jair Bolsonaro é este: que os seus filhos passem a mandar no governo.
Hoje o poder está distribuído: gestão com os militares, economia com o ministro Paulo Guedes e política com Rodrigo Maia e os partidos. Talvez com Onyx Lorenzoni. Não há espaço para os filhos, embora eles queiram arrombar a porta.
O resultado pode ditar o sucesso ou o fracasso do governo.
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