Líderes partidários não garantem apoio ao texto da reforma da Previdência
A reforma previdenciária ainda vai percorrer um longo caminho de negociações e mudanças antes de ser aprovada pelo Congresso. Se for!
Os líderes partidários não garantiram apoio ao texto apresentado hoje pelo governo. No geral, os partidos que tendem a apoiar o governo –e consequentemente a reforma– esperam uma definição do Planalto quanto ao espaço que terão na repartição do poder.
Nem mesmo o Delegado Waldir (PSL-GO), líder da sigla do presidente Jair Bolsonaro, quis prometer apoio total.
"Não posso dizer o que achamos do texto enquanto não analisar mais profundamente. A princípio a bancada é favorável. Mas vamos ter que estudar os detalhes para saber o que apoiaremos e o que precisará ser modificado", disse ao blog.
Um dos maiores motivos da incerteza está na desorganização da articulação política do governo.
"A boa vontade é geral. Todos reconhecem a necessidade de ajustar as contas da Previdência. Mas quanto a esse projeto do governo, nem sequer se sabe ainda quais partidos integram a base governista. Isso vai ter que ser definido ao longo do processo", disse o líder do MDB, Baleia Rossi (SP).
O antigo Centrão –bloco de partidos sem nitidez ideológica que reúne a maior parte dos deputados do chamado baixo clero– será decisivo na formação dessa base governista. E, portanto, para saber se o governo terá os 308 votos necessários à provação de emendas constitucionais.
Arthur Lira (AL), líder do maior partido desse grupo, o PP, resolveu não comparecer à cerimônia em que o presidente Jair Bolsonaro entregou o texto do projeto aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). [nota da redação às 23h15: a assessoria do deputado informa que ele viajou para Nova York na noite de ontem, para participar de evento da Organização das Nações Unidas em Nova York, amanhã e sexta-feira]
O presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), tuitou: "Tenho a convicção de que, sem uma reforma que alcance também os militares, o texto apresentado não deveria sequer tramitar".
O presidente do PRB, deputado Marcos Pereira (SP), postou no Twitter na mesma linha: "A ausência dos militares das Forças Armadas na proposta de reforma da Previdência enviada hoje por Bolsonaro à Câmara é um sinal ruim para a sociedade e pode dificultar o andamento da proposta entre os deputados".
O presidente do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva (SP) disse ao blog: "Vamos ter que mudar muita coisa no texto. Se quiserem aprovar a reforma."
Artur Maia (DEM-BA) foi relator do projeto do governo Michel Temer. Seu texto, considerado mais brando que o atual, nem chegou a ser votado em plenário. Ao blog, ele disse considerar "muito difícil aprovar" a desconstitucionalização da idade mínima e do tempo de contribuição.
De fato, a desconstitucionalização de pontos da reforma é considerada inaceitável pelos partidos de esquerda. "Isso nem dá para negociar, tal o absurdo", disse a líder do bloco de oposição, Jandira Feghalli (PCdoB-RJ).
Quem manifestou simpatia antecipada pela proposta foi apenas o PSDB e o PPS. O secretário de Previdência, Rogério Marinho, é tucano. O líder na Câmara, Carlos Sampaio (SP), disse ao blog que não via, "pessoalmente, pontos criticáveis no texto". O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), postou no Twitter que o partido "apoiou todas as reformas da Previdência dos governos Fernando Henrique Cardoso, Lula, Dilma e de Michel Temer" e manterá essa posição.
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