Ao ceder na Previdência, Bolsonaro surpreendeu e irritou auxiliares
Não foi só essa entidade chamada mercado que ficou surpresa e insatisfeita com o fato de o presidente Jair Bolsonaro ter adiantado ontem, durante um café da manhã com jornalistas, que está disposto a recuar no projeto de reforma da Previdência enviado ao Congresso.
O Ibovespa fechou ontem em queda por causa da notícia. Chegou a perder a linha dos 96 mil pontos conquistados em pregões anteriores, encerrando fevereiro em queda de 1,86%.
Também os dois "postos Ipiranga" de Bolsonaro –os ministros Paulo Guedes (Economia) e Onyx Lorenzoni (Casa Civil)–, além dos líderes no Congresso, foram surpreendidos com o anúncio antecipado do recuo.
Bolsonaro citou três pontos em que está disposto a ceder:
- na idade mínima para mulheres se aposentarem, de 62 para 60 anos
- nas mudanças propostas para o Benefício de Prestação Continuada (BPC), que é pago para idosos e pessoas com deficiência de baixa renda;
- e na pensão por morte, que poderia passar de 60% para 70%.
Este blog já antecipou a disposição do presidente de recuar. Foi citado aqui ainda outro ponto que será admitido mais adiante: a aposentadoria rural.
Mas ninguém esperava que o presidente anunciasse tão cedo o recuo.
Seus articuladores políticos defendiam que só fosse aceito durante as negociações na comissão especial da Câmara, a ser instaurada para analisar o projeto de emenda constitucional.
Paulo Guedes e Lorenzoni haviam acertado que o governo teria agora um discurso mais inflexível. Vinham dizendo em uníssono que, para o ajuste dar certo, é preciso poupar R$ 1 trilhão com a reforma previdenciária nos próximos dez anos. Nenhuma mudança seria aceita se baixasse essa meta.
Mas veio o presidente a derrubou a estratégia que ele mesmo tinha combinado com seus assessores.
A ordem entre eles agora é tentar desdizer, com jeitinho, o que o presidente disse. Com algo mais ou menos assim: "Sim, o Congresso pode mudar o que quiser. Idade mínima, BPC, pensão por morte, aposentadoria rural… Mas terá que repor no projeto a quantia tirada. Não pode baixar a meta de cortar R$ 1 trilhão dos gastos com a Previdência nos próximos dez anos".
Depois, lá na frente –aí sim– dá pra negociar a meta.
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