Equipe de Bolsonaro vê retorno do grupo de Eduardo Cunha
O chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, integra a turma de aliados de primeira hora do presidente Jair Bolsonaro. Seu grupo de auxiliares mais próximos atribui o enfraquecimento do ministro à reorganização de uma facção da Câmara ligada ao ex-presidente da Casa Eduardo Cunha (MDB-RJ).
Os aliados de Cunha haviam se desarticulado com a prisão do chefe. Conseguiram manter-se próximos ao poder em torno do ex-presidente Michel Temer. Mas perderam novamente o controle do Congresso com a crise do governo Temer, por conta das denúncias da JBS, e com a proximidade das eleições de 2018.
Onyx e seus auxiliares, ligados à liderança do governo na Câmara, estão alertando o presidente Jair Bolsonaro de que o grupo de Eduardo Cunha assumiu a liderança dos principais partidos do chamado Centrão.
Pior. Com isso, seus integrantes conseguiram se aproximar e girar em torno da figura mais poderosa no Congresso hoje: o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Não há como abrir mão de Maia e do novo Centrão (eles não aceitam serem denominados assim) na votação da reforma da Previdência. Mas o Planalto acredita que o grupo vai esticar a corda ao máximo para arrancar espaço no governo.
Nesta terça-feira (19) os líderes dos partidos do novo Centrão reuniram-se novamente com Maia por pelo menos duas vezes
Trata-se, basicamente, do núcleo de partidos que deu apoio à reeleição de Rodrigo para o comando da Casa: DEM, PP, SD, PR, PRB e PSDB, acrescido do MDB. Nesta semana o líder do PP, Arthur Lira (AL), participou das discussões por telefone, pois ficou em seu estado.
O novo líder do PR, Wellington Roberto (PB), nomeado ontem, se integrará ao grupo a partir de hoje. O antigo líder, José Rocha, aceitou tornar-se vice-líder do governo e perdeu o cargo na bancada por pressão do chefe político do PR, Waldemar Costa Neto, com quem o Planalto não conversa.
O grupo não se considera orgânico e por isso não aceita a denominação de Centrão. Mas seus integrantes passaram a agir de maneira mais coordenada desde que Bolsonaro assumiu o governo e decidiu não priorizar a negociação com os comando partidários.
Informado da rearticulação dos aliados de Eduardo Cunha, Bolsonaro está repetindo que não se dobrará "à velha política", e que cederá "apenas pontualmente" naquilo que achar razoável.
Foi o caso agora do decreto sobre regras de ocupação de cargos no governo.
O presidente aceitou retroagir sua vigência, depois que Rodrigo Maia e o Centrão reclamaram que as regras tinham que valer para os já nomeados por Onyx & Cia.
O mesmo procedimento será adotado pelo Planalto na reforma da Previdência: ceder, porque é inevitável, mas resistir ao máximo.
A esperança do governo é que, depois da reforma, não precise mais do novo Centrão. O problema é que o grupo sabe disso.
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