Clã Bolsonaro repete com Maia roteiro que enterrou reforma no governo Temer
O fim da boa relação com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ameaça enterrar a reforma da Previdência da mesma forma como ocorreu no governo de Michel Temer.
A história do relacionamento de Jair Bolsonaro com o presidente da Câmara começa a repetir o enredo do período Temer: em meio a intrigas familiares e disputas locais pela política no Rio de Janeiro, Maia e o Planalto se afastam.
Carlos Bolsonaro continua a provocar Rodrigo Maia nas redes sociais. Irônico, perguntou no Instagram ontem, por exemplo, por que Rodrigo Maia anda tão nervoso.
Os bolsonaristas inundaram a internet com memes em favor do ministro da Justiça, Sergio Moro, na disputa contra o presidente da Câmara pela supremacia do pacote de segurança sobre a reforma previdenciária. E Maia não aguentou. Telefonou para Paulo Guedes ameaçando largar de vez as articulações pelo ajuste fiscal no Congresso.
Nem tudo está perdido. Guedes tentará à exaustão fazer o presidente da Câmara voltar atrás. Pode ser que consiga.
Mas a relação entre Rodrigo Maia e o Planalto parece seguir definitivamente o mesmo caminho do governo Temer. Sendo assim, dificilmente a reforma da Previdência será aprovada.
Aos deputados mais próximos, Rodrigo Maia diz acreditar que nem Bolsonaro, nem os filhos, nem o PSL querem mesmo aprovar a reforma.
O fator Rodrigo Maia foi decisivo para enterrar a reforma no governo passado.
Michel Temer conseguiu barrar no Congresso dois pedidos de abertura de processo graças a uma base parlamentar forte (fisiológica ou não) e à ajuda do presidente da Câmara. Mas os tais dois processos acabaram enfraquecendo a base parlamentar do ex-presidente. Restava-lhe a boa relação com Rodrigo Maia.
A política no Rio de Janeiro se sobrepôs até aos laços familiares com o então poderoso ministro e braço direito de Temer, Moreira Franco –cuja enteada é casada com Rodrigo Maia. Ex-governador do Rio de Janeiro e cacique do MDB local, Moreira foi acusado por Maia de promover intrigas entre ele e o Palácio do Planalto.
As relações entre os dois só melhoraram com o fim do governo Temer e o enfraquecimento do MDB do Rio devido aos escândalos envolvendo Sérgio Cabral, Luiz Fernando Pezão e o comando da Assembleia Legislativa. O partido se tornou para o DEM de Rodrigo Maia um adversário sem peso eleitoral. Ele e Moreira voltaram a se relacionar com menos hostilidades. Mas sem confiança mútua.
Com a vitória eleitoral de Jair Bolsonaro, o presidente da Câmara foi procurado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Rodrigo Maia vislumbrou, então, uma nova chance de aprovar parte de seu projeto político para o país: um ajuste fiscal de corte marcadamente liberal. E reforçar seu protagonismo na mídia e sobre os agentes de mercado.
O presidente da Câmara aceitou assumir novamente, como chegou a ocorrer no governo Temer, as articulações para a aprovação de medidas liberais no Congresso. Especialmente a reforma da Previdência.
Mas a política do Rio de Janeiro voltou a falar mais alto.
Os filhos de Bolsonaro foram eleitos em oposição ao grupo de Rodrigo Maia no estado. Flávio Bolsonaro (PSL), para o Senado, e Carlos Bolsonaro (PSC), como vereador.
Bolsonaro e os filhos elegeram Arolde Oliveira (PSD) na segunda vaga do Senado, derrotando o ex-prefeito e favorito Cesar Maia, pai de Rodrigo. Derrotaram também o candidato do presidente da Câmara para o governo, Eduardo Paes (DEM), inflando o então inexpressivo e agora atual governador, Wilson Witzel (PSC).
A campanha acabou, mas as arestas entre os dois grupos permanecem. Vale esperar para ver o final dessa novela.
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