Reunião com Bolsonaro deu em nada. Congresso só fala em parlamentarismo
Os encontros que presidente Jair Bolsonaro começou a realizar com presidentes de partidos políticos chegaram tarde e já não terão o efeito esperado: de trazer as legendas para a base de apoio do governo no Congresso.
A maioria dos partidos que esteve com Bolsonaro já apoiava uma reforma da Previdência. Quanto aos detalhes do projeto do governo, isso ainda será discutido em cada bancada, independentemente do Planalto.
O recado foi passado pelos comandos partidários a seus integrantes após os encontros. Com um acréscimo: a ideia é reforçar o centro das decisões no Congresso. Os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), serão as figuras centrais nesse novo período, que estão chamando de "parlamentarismo branco".
A reforma da Previdência pode passar. Mas será calibrada em negociação do Congresso com o ministro da Economia, Paulo Guedes, sem a intermediação do Planalto.
O protagonismo do Congresso será buscado em praticamente todos os temas. Um ponto fundamental é aprovação final do projeto de Orçamento impositivo. Como emenda constitucional, ele sequer precisa da sanção presidencial.
"Você sabe que eu sou parlamentarista". Foi assim que o relator do projeto, senador Esperidião Amin (PP-SC), abordou o colega Jaques Wagner (PT-BA) para pedir o apoio dos petistas ao acordo que aprovou o novo texto no Senado.
O presidente da Câmara foi pessoalmente ao plenário do Senado –o que não é comum– para chancelar o acordo com Davi Alcolumbre (DEM-AC) e os líderes: aprovada ali a emenda, ele garantia uma tramitação final rápida na Câmara.
Na terça-feira (2), na reunião de líderes do Senado, foi acertado que Davi Alcolumbre preparará uma pauta de temas prioritários em tramitação na Casa para não ficar à espera de movimentações do Planalto.
Simone Tebet (MDB-MS), Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Otto Alencar (PSD-BA) apresentarão uma proposta inicial na próxima semana. O levantamento de projetos já foi pedido ao corpo técnico da Casa.
Tasso, Simone e o próprio Davi Alcolumbre também passaram a incentivar o senador José Serra (PSDB-SP) a apresentar um projeto de adoção do parlamentarismo. Serra já está tratando de seu projeto abertamente.
Na Câmara, Rodrigo Maia também já adotou uma pauta própria. Depois de aprovara a primeira rodada do Orçamento impositivo, decidiu afirmar a independência em relação ao Planalto até no projeto de reforma tributária. O texto que vinha sendo elaborado por seu maior aliado no governo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, e pelo secretário Marcos Cintra será praticamente ignorado.
Maia acertou com o líder do MDB, Baleia Rossi (SP), a apresentação de um texto priorizando as propostas já formuladas por Bernad Appy, ex-secretário de Política Econômica no governo Lula, e pelo ex-deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR).
Apesar de formalmente recomposto com o ministro da Justiça, Sérgio Moro, o presidente da Câmara também manteve o pacote de segurança do ex-juiz apensado ao um texto principal da Casa –que foi elaborado pelo ministro Alexandre Moraes, do Supremo Tribunal Federal.
Enfim, os comandos partidários continuarão se encontrando com Bolsonaro e acenando com salamaleques. Não discutiram e não puxarão a discussão de cargos, pois não acreditam que venha nada de significativo do PLanalto. E tocarão um projeto próprio de governança pelo Congresso: o parlamentarismo. Branco ou explícito.
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