Rodrigo Maia suspeita do Planalto e decide andar no fio da navalha
Não passou a irritação do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), com o governo Bolsonaro, apesar de todas as declarações públicas de que tudo voltou ao normal.
Pelo contrário. A irritação aumentou com pedido da Procuradoria Geral da República para adiar a conclusão do inquérito que investiga acusações contra ele no âmbito da Lava Jato.
O pedido foi feito com base em argumentação da Polícia Federal de que precisa mais tempo para apurar seu suposto envolvimento e de seu pai, o ex-prefeito do Rio Cesar Maia, com doações e propinas da Odebrecht.
No mês passado, Rodrigo bateu boca publicamente com o presidente Jair Bolsonaro e com o ministro da Justiça, Sergio Moro, a quem a Polícia Federal está subordinada.
Não admite publicamente, mas tem dito aos amigos que suspeita de perseguição. Suas conversas íntimas alternam um discurso ora raivoso, ora irônico em relação ao governo.
Mas Rodrigo Maia também tem dito que não irá deixar que o carimbem como tendo impedido o ajuste fiscal do país por questões pessoais. Ele acha que é isso que querem os bolsonaristas do Planalto.
Ou seja, a estratégia do presidente da Câmara é a de caminhar sobre o fio da navalha: com muito cuidado para não escorregar para um lado ou outro e acabar se cortando.
Os partidos do chamado Centrão –bloco que compôs o núcleo de sua campanha para presidente da Câmara mas que formalmente não existe– continuam sendo a sustentação de Rodrigo Maia no Congresso, ampliada por alguns aliados na esquerda.
É esse grupo, por exemplo, que está cobrando a votação do orçamento impositivo na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), antes da aprovação da reforma da Previdência.
Rodrigo não pretende se engajar nesse discurso. Manterá a posição de que a reforma da Previdência é a prioridade. Mas também não fará uma queda de braço com os líderes do Centrão.
Sua torcida é por um acordo entre os líderes, o PSL e o governo. Se não houver, pretende repetir que cabe ao Planalto a articulação para a aprovação da reforma. Mas deixando claro que ele é completamente favorável à aprovação.
Ou seja, continuará no limite entre os dois lados.
Pode sair como a voz da ponderação em meio ao que o eleitorado venha a classificar como desatinos do Planalto, do Centrão e da oposição.
Mas pode também sair arranhado por todos os lados. Ou mesmo definitivamente marcado. É o risco de se andar no fio da navalha.
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