Feitas as contas, Sergio Moro tem apoio maior no Congresso do que Bolsonaro
Está vendo as duas tabelas aí em cima? A da direitra trata da votação, no último dia 14, da convocação do ministro da Educação, Abraham Weintraub, para depor no plenário da Câmara.
A da esquerda ocorreu ontem (22). Foi a votação do requerimento de transferência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) do Ministério da Justiça para o da Economia.
Nos dois casos o governo perdeu. Mas tem uma curiosidade.
Na convocação de Weintraub, foi uma goleada: 307 votos a 82. Na do Coaf, a derrota foi por uma margem pequena: 228 a 210.
Evitar a convocação do ministro era do interesse do governo como um todo, especialmente do Palácio do Planalto, do ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, de quem Weintraub foi secretário-executivo, e dos filhos de Bolsonaro e do guru Olavo de Carvalho.
Evitar a transferência do Coaf era, principalmente, do interesse do ministro da Justiça, Sergio Moro.
Comparando as duas votações dá para dizer, sem sombra de dúvida, que neste momento Sergio Moro tem uma base de apoio na Câmara maior do que o Planalto.
Seja lá por que motivo for. Pode ser porque os partidos que poderiam votar com o Planalto estão mais irritados com Bolsonaro, seus filhos, Olavo de Carvalho e o PSL do que com o Moro.
Pode ser porque o ex-juiz da Lava Jato tenha uma imagem de combate à corrupção, e os políticos queiram evitar um carimbo contrário.
Pode ser por vários motivos. Mas o retrato de hoje é este. Pode mudar. Mas hoje está assim.
Na convocação de Weintraub, apenas o PSL de Jair Bolsonaro e o Novo votaram em peso com o Planalto.
No caso da transferência do Coaf, votaram maciçamente com Moro, além do PSL e do Novo, os seguintes partidos: PSD, PSDB, PV. Cidadania, Patriota, Podemos, PMN e Pros. E até o oposicionista PSB.
Vale lembrar um outro detalhe:
Hoje, não há no campo bolsonarista nenhum outro nome com peso para eventualmente substituir –ou encarar– Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais de 2022.
Só o futuro dirá se isso faz do ministro um aliado ou um adversário aos olhos do presidente.
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