O Centrão desceu do muro e foi abduzido pelas pautas econômicas do governo
De repente, não mais que de repente, o Centrão –aquele grupo de partidos com cerca de 200 deputados que dita os rumos do Congresso–parou de criar problemas para o governo.
"Agora estamos num jogo de ganha-ganha. Nós e o governo entendemos que, antes, estávamos num jogo de perde-perde", explica o deputado Efraim Filho (PB), ex-líder e um dos caciques do DEM, em entrevista ao blog (vídeo acima);
Efraim revela que o acordo tácito com o governo funcionará para as pautas econômicas. Nas pautas de costumes, é cada um por si.
Por conta disso, notou-se no Congresso que PP, DEM, PL, PSD, PRB, SD e demais partidos do chamado Centrão passaram a dar velocidade à tramitação das matérias econômicas da pauta.
Depois de algumas quedas de braço com o Planalto, o grupo também parece ter ensinado o presidente Jair Bolsonaro a negociar.
Mais do que cargos, o Orçamento passou a ser a chave da negociação, admite Efraim.
No que consiste essa "nova política"?
Os parlamentares aprovaram uma emenda constitucional determinando que todas as emendas –individuais e de bancadas– agora obrigatoriamente têm que ser liberadas.
E o governo ainda mantém algum poder: ele determina o fluxo de liberação dessas verbas. É o que está se chamando no Congresso de parlamentarismo branco.
Por conta desse acordo tácito, a reforma da Previdência ganhou nova força.
O relator apresentou um parecer contemplando quase R1 trilhão de poupança para os Tesouro nos próximos dez anos, que era quanto o ministro da Economia, Paulo Guedes vinha pedindo. E o presidente da Comissão especial, Marcelo Ramos (PL-AM), abandonou a postura oposicionista das semanas anteriores.
Efraim de Moraes fala até na possibilidade de adiamento do recesso parlamentar para dar tempo de votar a reforma na Comissão no primeiro semestre. É difícil, mas não é impossível.
Nesta semana ocorreu um feito inédito: o projeto de suplementação orçamentária de R$ 248,9 bilhões em créditos para o governo obteve o voto favorável de 450 deputados e 61 senadores, sem nenhum contra. Unanimidade dos presentes em plenário.
Capitaneado pelo Centrão, o governo cedeu a praticamente todos os partidos, da esquerda e da direita, da oposição e da chamada base governista. E acabou obtendo a aprovação do projeto.
Se fosse derrotado, estaria sujeito a quebrar a chamada "regra de ouro do orçamento", o que levou ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
A estratégia agora é essa: quando o assunto for economia, liderados pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), os partidos do Centrão negociarão uma solução.
E se a oposição quiser participar, poderá até tirar uma casquinha, como foi o caso da suplementação orçamentária.
Os partidos de esquerda negociaram e conseguiram garantir o descontingenciamento de R$ 1 bilhão para a educação, outro R$ 1 bilhão para o Minha Casa Minha Vida, R$ 350 milhõs para Ciência e Tecnologia e R$ 550 milhões para transposição do Rio São Francisco e para a Defesa Civil.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.