Bolsonaro tanto pediu que a reforma da Previdência virou coisa do Congresso
Em tempos de parlamentarismo branco, o Congresso resolveu não dar margem para o presidente Jair Bolsonaro reclamar. A reforma da Previdência parece que vai sair mesmo do forno.
Só não será a reforma que o Posto Ipiranga do governo, o ministro Paulo Guedes, da Economia, pediu. Será a reforma que o Congresso quer.
Ou melhor: o Congresso fará a reforma da Previdência que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), negociar com os partidos políticos.
Maia disse neste final de semana que já tem o apoio de 15 legendas. Não nominou. Muito provavelmente são as dos Centrão somadas ao PSDB e ao Novo, mais algumas de oposição que andam meio em cima do muro, tipo PSB e PDT.
Até o PT e o PCdoB flertam com o demista quando se trata de enfrentar Bolsonaro. Mas estes devem cobrar uma desidratação maior para votar ou deixar andar o projeto.
No final, já é certo que não sairá a economia pedida por Paulo Guedes, de R$ 1,2 trilhão em dez anos.
O substitutivo do relator, Samuel Moreira (PSDB-SP), fala em R$ 913 bilhões. Mas o ministro tem dito que o substitutivo não contempla nem este valor. Reclama que ficou, no máximo, em R$ 860 bilhões.
Cálculos preliminares da IFI (Instituição Fiscal Independente) do Congresso sobre o relatório apontam uma economia de cerca de R$ 740 bilhões com despesas previdenciárias em dez anos.
Isso se o texto não for mais desidratado ainda no plenário.
Guedes pode reclamar, mas o mercado não está tão insatisfeito assim. Qualquer coisa acima dos R$ 600 bilhões da reforma proposta pelo governo anterior, de Michel Temer, já é lucro.
E é com isso que Rodrigo Maia e o Centrão estão jogando.
E vem mais parlamentarismo branco por aí.
Maia já avisou que tem no forno um projeto de reforma tributária que não é o do governo. Mas que também tende a satisfazer o mercado.
O texto foi apresentado pelo líder do MDB, Baleia Rossi (SP), sobre proposta elaborada por Bernard Appy, ex-secretário de Política Econômica do governo Dilma Rousseff. O projeto de Appy também já circulou pelo mercado e pela campanha presidencial de Marina Silva (Rede).
O presidente da Câmara sinalizou ainda que, se Paulo Guedes insistir no regime de capitalização da Previdência retirado no substitutivo de Samuel Moreira, o Congresso deverá trabalhar com outra proposta, a do deputado eleito Mauro Filho (PDT-CE), secretário de Planejamento do Ceará.
O projeto de capitalização de Mauro Filho foi encampado por Ciro Gomes durante a sua campanha presidencial. Maia disse que pode votá-lo em separado no segundo semestre.
Tudo isso é a forma encontrada para reagir à tentativa do presidente Bolsonaro de responsabilizar os parlamentares pelos problemas na economia: o Congresso assume a responsabilidade, mas fica com a autoria real da proposta.
Guedes reclama. Mas não está claro ainda se não é isto mesmo o que Bolsonaro queria.
Afinal, o presidente sempre que pode também dá estocadas nas propostas econômicas do seu ministro,
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