Lista tríplice para chefe da PGR fortalece Raquel Dodge e enfraquece Moro
A esquerda venceu e perdeu a eleição comandada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR).
Todos os primeiros colocados da lista tríplice de candidatos a procurador-geral que será enviada ao presidente Jair Bolsonaro são considerados esquerdistas pelos colegas.
Portanto, muito provavelmente nenhum deles será nomeado.
Com isso, a atual chefe do Procuradoria Geral da República, Raquel Dodge, que não se candidatou, passou a ter maior possibilidade de ser reconduzida ao cargo.
Bolsonaro já disse que não se prenderá à lista tríplice. Pretende escolher quem ele próprio achar mais adequado para o comando da PGR.
Dodge não se candidatou na eleição mas que está à disposição do presidente, se ele decidir reconduzi-la.
O grande derrotado da votação foi o ministro da Justiça, Sérgio Moro, que comandou a operação Lava Jato quando juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba.
Em meio ao vazamentos de conversas de Moro com a força-tarefa da Lava Jato publicados pelo site The Intercept, o lavajatista entre os dez candidatos, Vladimir Aras, ficou apenas em 5º lugar na preferência de seus pares.
Na verdade, a eleição mostra o descontentamento dos procuradores com o governo, com sua chefe, Raquel Dodge e até com os caminhos tomados pela equipe de Moro.
Dos dez candidatos, teriam mais chances de ser o escolhido por Bolsonaro dois nomes:
o 4º colocado, Lauro Cardoso, que é considerado entre os procuradores como um direitista moderado – no entanto é mais ligado aos militares do que ao grupo bolsonarista do governo;
o 7º colocado, José Bonifácio Borges de Andrade – que também não é considerado bolsonarista.
Eis o perfil dos escolhidos para a lista tríplice, segundo descrição da ANPR:
1º – Mário Bonsaglia (478 votos) – subprocurador-geral da República
Membro do Ministério Público Federal desde 1991. Foi procurador regional eleitoral em São Paulo (2004-2008), integrou o Conselho Nacional do Ministério Público (2009-2013) e o Conselho Superior do MPF (2014-2018), e coordenou a 7ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, responsável pela área do controle externo da atividade policial e do sistema prisional. Desde 2018 integra a 6ª Câmara de Coordenação e Revisão. Foi diretor da ANPR no biênio 1999-2001 e, antes de ingressar no MPF, foi procurador do Estado de São Paulo (1985-1991). É doutor em direito pela Universidade de São Paulo (USP).
2ª – Luiza Frischeisen (423 votos) – subprocuradora-geral da República
Tornou-se procuradora da República em 1992. Recebeu o título de mestre em direito em 1999 e concluiu doutorado em direito pela Universidade de São Paulo em 2004. Em 2015, foi promovida ao cargo de subprocuradora-geral da República. Representou o MPU no Conselho Nacional de Justiça entre 2013 e 2015. Foi eleita para o Conselho Superior do Ministério Público Federal (2017/2019) e coordena a 2ª Câmara de Coordenação e Revisão do Ministério Público Federal.
3º – Blal Dalloul (422 votos) – procurador Regional da República
Atua no Ministério Público Federal há 34 anos. Foi servidor durante onze anos, e, desde junho de 1996, é membro da instituição. Atuou na PRM de Presidente Prudente/SP e na PR/MS. Foi procurador-chefe durante 11 anos e procurador regional eleitoral no biênio 2003/2005. Atuou nas mais diversas áreas, com ênfase em direitos humanos e criminal. Em 2010, tornou-se procurador regional da República, passou pela PRR1, sendo titular de Ofício Criminal. Dalloul foi secretário-geral do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), e, logo depois, assumiu a Secretaria-Geral do MPF/MPU. Em 2017, assumiu o 30º Ofício Criminal da PRR2.
Depois, na sequência, vieram os procuradores regionais da República Lauro Cardoso (356); Vladimir Aras (346); José Robalinho Cavalcanti (191); e os subprocuradores-gerais da República José Bonifácio Borges de Andrada (154); Nívio de Freitas (127); Antonio Carlos Fonseca (29); e Paulo Eduardo Bueno (20).
É possível que Bolsonaro não fique com nenhum dos nomes, nem mesmo com Raquel Dodge, e puxe um coelho da cartola.
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