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Tales Faria

Procuradores da Lava Jato e deputados fogem para aplicativo do Intercept

Tales Faria

03/07/2019 10h40

Por Eduardo Militão, do UOL

De 9 de junho para cá, pelo menos 15 procuradores brasileiros e três deputados recorreram ao Signal, aplicativo de troca de mensagens considerado mais seguro que o Telegram. 

Dez desses procuradores que migraram para o aplicativo participaram da Lava Jato ou foram citados nos vazamentos publicados pelo site The Intercept Brasil.

Há cinco anos, o ex-analista de segurança internacional Edward Snowden vazou informações sobre espionagem dos EUA, que resultaram num prêmio Pulitzer para o jornalista Glenn Greenwald, hoje no site The Intercept. Depois disso, Snowden declarou no Twitter que considera o Signal o aplicativo mais seguro:

Ex-integrante da força-tarefa da Lava Jato na gestão de Rodrigo Janot, o procurador Ronaldo Pinheiro diz que está testando o Signal e outros dois aplicativos depois dos vazamentos.

Ele colocou a ferramenta no celular dia 23 de junho. "Hoje depois desses acontecimentos, eu não considero nenhum seguro", destacou. "Eu sei que existem os riscos de sistema, e os riscos do usuário", disse Pinheiro.

O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (PT-RS), é um dos políticos que aderiu à ferramenta. Instalou o aplicativo em 10 de junho, um dia depois de o Intercept revelar as primeiras reportagens sobre as mensagens de Moro e Deltan.

"Uma pessoa queria falar comigo e pediu para que eu baixasse esse aplicativo", contou o deputado. "O uso é ocasional. Só usei para a pessoa falar comigo. Continuo usando os tradicionais. Uso Telegram, uso Whatsapp, todos", argumenta.

O consultor em segurança digital Gustavo Gus afirma que o Signal é mais seguro porque o código do aplicativo é aberto, ao contrário do Telegram.

"Significa que é possível auditoria por terceiros", destaca. "O protocolo é referência na comunidade de segurança e criptografia", acrescenta Gus. O Signal é mantido por uma fundação sem fins lucrativos.

 

Sobre o autor

Tales Faria largou o curso de física para se formar em jornalismo pela UFRJ em 1983. Foi vice-presidente, publisher, editor, colunista e repórter de alguns dos mais importantes veículos de comunicação do país. Desde 1991 cobre os bastidores do poder em Brasília. É coautor do livro vencedor do Prêmio Jabuti 1993 na categoria Reportagem, “Todos os Sócios do Presidente”, sobre o processo de impeachment de Fernando Collor de Mello. Participou, na Folha de S.Paulo, da equipe que em 1986 revelou o Buraco de Serra do Cachimbo, planejado pela ditadura militar para testes nucleares.

Sobre o blog

Os bastidores da política pela ótica de quem interessa: o cidadão que paga impostos e não quer ser manipulado pelos poderosos. Investigações e análises com fatos concretos, independência e sem preconceitos.