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Defesa colocará a juíza Gabriela Hardt sob suspeição

Tales Faria

06/02/2019 19h03

Lula: "O delator principal era o (doleiro Alberto) Youssef, que era amigo do Moro desde o caso Banestado."

Juíza Gabriela Hardt: "(…) Não vai fazer acusações ao meu colega aqui.

Lula: "Não estou acusando. Estou constatando um fato, doutora."

Gabriela Hardt: "Não é um fato, porque o Moro não é amigo do Youssef e nunca foi."

Lula: "Mas manteve o Youssef sob vigilância por oito anos."

Juíza Gabriela Hardt: "Ele não ficou sob vigilância oito anos e é melhor o senhor parar com isso."

O bate-boca faz parte do depoimento de Lula a Gabriela Hardt no caso do sítio em Atibaia. Mostra bem como foi o encontro.

Quer rever a cena? Ei-la:

Um Lula tentando transformar o depoimento num ato político e a juíza, visivelmente irritada e agressiva.

Gabriela Hardt agora condenou o ex-presidente a 12 anos e 11 meses de prisão.

Antes de discutir o mérito do processo –se Lula é inocente ou culpado– há uma preliminar: a juíza deveria fazer a defesa corporativa de "um colega"? Deveria tratar o depoente de maneira agressiva? Deveria bater boca?

Vencida essa preliminar vale perguntar se, de fato, a juíza tinha legitimidade, depois daquele bate-boca, para decidir com isenção no caso.

O internauta pode rever abaixo outro vídeo na TV UOL mostrando o clima geral do depoimento:

Alguns acharão que sim, ela devia mesmo ser agressiva com quem tenta transformar a situação num ato político. E também podia defender seu colega Moro, bater boca com o depoente…

Outros dirão que não, que esse não é o papel de uma juíza e que ela perdeu a isenção para julgar o réu na medida em que assumiu a defesa do colega e até da promotoria (em outro trecho).

A agressividade era evidente desde o início do depoimento:

Como tudo nesse caso Lula e também na Lava Jato, as pessoas já têm lados definidos. Dificilmente mudam de posição diante de qualquer argumento.

Então vai aqui não um argumento, mas uma constatação:

Diante de como transcorreu o depoimento e da postura da juíza, é evidente que a defesa do ex-presidente tentará anular essa decisão sob o argumento de absoluta parcialidade.

Se vai conseguir ou não, só o futuro dirá.

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Sobre o autor

Tales Faria largou o curso de física para se formar em jornalismo pela UFRJ em 1983. Foi vice-presidente, publisher, editor, colunista e repórter de alguns dos mais importantes veículos de comunicação do país. Desde 1991 cobre os bastidores do poder em Brasília. É coautor do livro vencedor do Prêmio Jabuti 1993 na categoria Reportagem, “Todos os Sócios do Presidente”, sobre o processo de impeachment de Fernando Collor de Mello. Participou, na Folha de S.Paulo, da equipe que em 1986 revelou o Buraco de Serra do Cachimbo, planejado pela ditadura militar para testes nucleares.

Sobre o blog

Os bastidores da política pela ótica de quem interessa: o cidadão que paga impostos e não quer ser manipulado pelos poderosos. Investigações e análises com fatos concretos, independência e sem preconceitos.


Tales Faria