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Novo comando do Senado mostra que velho MDB muda para permanecer vivo

Tales Faria

13/02/2019 09h36

Foi Tancredi, do romance "O Leopardo" de Tomasi di Lampedusa, e não Tancredo, do MDB, quem disse: "Se quisermos que tudo continue como está, é preciso que tudo mude".

Mas a famosa frase bem poderia ter sido dita por alguém do velho partido do velho Renan Calheiros (AL), que foi derrotado na eleição do Senado por Davi Alcolumbre (DEM-AP) graças ao apoio da ex-líder da bancada emedebista Simone Tebet (MS).

O velho Renan está recolhido nas Alagoas. O novo, que vem por aí, ainda não se sabe como atuará.

Mas o novo MDB já deu sinais do seu caminho na definição dos nomes indicados pelo partido para compor a Mesa diretora e as comissões permanentes.

Como este blog já comentou, o velho MDB  tinha, além do velho Renan, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (CE), que não se reelegeu, o líder e presidente do partido, Romero Jucá (RR), que também não se reelegeu senador, e o presidente de honra Michel Temer…

O novo MDB, até o momento, tem como maior expressão Simone Tebet, que ficou com a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Casa.

Seu aliado na disputa interna do partido, Dario Berger (SC) deve ficar com o comando da comissão de Educação.

Com a legenda enfraquecida após as derrotas de seus caciques, sobrou para o novo MDB na Mesa Diretora apenas o comando da Segunda Secretaria, com Eduardo Gomes (TO). Aí começa a metamorfose emedebista para "continuar tudo como está".

Eduardo Gomes foi trazido para o partido por Renan Calheiros, para ajudá-lo a derrotar Simone Tebet. Mas em meio à sessão de eleição do presidente do Senado já se notava o enfraquecimento do senador alagoano. E Gomes acabou votando em Alcolumbre. Mudou para permanecer onde queria estar. E ficou premiado,

Outro que promete mudar para permanecer é Fernando Bezerra (MDB-PE). Era do grupo de Simone, mas votou em Renan na disputa interna do partido contra a então líder da bancada. Agora voltou ao antigo ninho simonista e se prontifica a assumir como líder do governo.

Isso mesmo: Bezerra é hoje o mais cotado para líder do governo Jair Bolsonaro a que o grupo de Renan se opunha. Mas o grupo não existe mais…

Por fim, tem Marcelo Castro (MDB-PI). Foi aliado do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (MDB-RJ). Rompeu e tornou-se ministro de Dilma Rousseff (PT). Depois aliou-se a Michel Temer. Chegou no Senado e aproximou-se de Renan, adversário de Temer. Mas quando viu a brigalhada instituir-se no partido, subiu no muro e depois foi para o lado de Simone.

É um perfeito exemplar emedebista. Deve ficar com o comando da poderosa Comissão Mista do Orçamento.

Hoje os líderes partidários pretendem oficializar todos os nomes das comissões permanentes. Abaixo a nova distribuição por partido:

 

CAE – Comissão de Assuntos Econômicos: PSD

CAS – Comissão de Assuntos Sociais: PODE

CCJ – Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania: MDB

CCT – Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática: PP

CDH – Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa: PT

CDR – Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo: PSDB

CE – Comissão de Educação, Cultura e Esporte: MDB

CI – Comissão de Serviços de Infraestrutura: DEM

CMA – Comissão de Meio Ambiente: REDE

CRA – Comissão de Agricultura e Reforma Agrária: PSL

CRE – Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional: PSD

CSF – Comissão Senado do Futuro: PRB (ou PSC)

CTFC – Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor: PSDB

CMO – Comissão Mista de Orçamento – MDB

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Sobre o autor

Tales Faria largou o curso de física para se formar em jornalismo pela UFRJ em 1983. Foi vice-presidente, publisher, editor, colunista e repórter de alguns dos mais importantes veículos de comunicação do país. Desde 1991 cobre os bastidores do poder em Brasília. É coautor do livro vencedor do Prêmio Jabuti 1993 na categoria Reportagem, “Todos os Sócios do Presidente”, sobre o processo de impeachment de Fernando Collor de Mello. Participou, na Folha de S.Paulo, da equipe que em 1986 revelou o Buraco de Serra do Cachimbo, planejado pela ditadura militar para testes nucleares.

Sobre o blog

Os bastidores da política pela ótica de quem interessa: o cidadão que paga impostos e não quer ser manipulado pelos poderosos. Investigações e análises com fatos concretos, independência e sem preconceitos.


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