Antes fechada com o governo, bancada do PSD já não garante votar a reforma
Tales Faria
13/03/2019 16h53
Em dezembro, antes de tomar posse, o presidente Jair Bolsonaro se reuniu com a bancad do PSD. Os parlamentares da sigla anunciaram a disposição de apoiar o governo.
Na sexta-feira 26, pouco antes do Carnaval, o secretário nacional de Previdência e Trabalho, Rogério Marinho, viu que a situação é um pouco mais complexa, durante uma reunião com a bancada do partido. Marinho foi tentar convencer os parlamentares a manifestar o voto favorável à reforma.
O secretário teceu loas ao texto enviado pelo governo ao Congresso e falou da expectativa do Planalto pela sua aprovação ainda neste semestre.
Depois de ouvir as críticas dos colegas a vários pontos do texto, o deputado Domingos Neto (CE) pediu a palavra.
Ele perguntou aos presentes quem dali estaria disposto a votar a reforma no dia seguinte. "Ninguém levantou o braço", contou ao blog.
Além da insatisfação com alguns pontos do texto, Domingos Neto relata que, em seu caso, ainda tem um agravante: ele é coordenador da bancada multipartidária do Nordeste na Câmara.
Os parlamentares nordestinos estão revoltados com o anúncio feito pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, de que o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) pode ser anexado ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Guedes disse que o assunto está em estudo.
"Se fizerem isso, eu vou para a oposição", afirma peremptório (assista ao vídeo mais abaixo).
A bancada do PSD, recusou a indicação de parlamentares da sigla para integrar o grupo de vice-líderes do governo na Câmara e no Senado.
A ordem do chefe do partido, Gilberto Kassab, é só aceitar cargos se for fechado um acordo para formalizar a adesão do PSD à chamada base parlamentar do governo Bolsonaro.
E esse acordo só será fechado se o governo der ao partido a parcela de poder que seus deputados e senadores desejam.
Assista o que diz o deputado Domingos Neto:
Sobre o autor
Tales Faria largou o curso de física para se formar em jornalismo pela UFRJ em 1983. Foi vice-presidente, publisher, editor, colunista e repórter de alguns dos mais importantes veículos de comunicação do país. Desde 1991 cobre os bastidores do poder em Brasília. É coautor do livro vencedor do Prêmio Jabuti 1993 na categoria Reportagem, “Todos os Sócios do Presidente”, sobre o processo de impeachment de Fernando Collor de Mello. Participou, na Folha de S.Paulo, da equipe que em 1986 revelou o Buraco de Serra do Cachimbo, planejado pela ditadura militar para testes nucleares.
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