Novo ministro é mistura de Paulo Guedes com Olavo de Carvalho
Tales Faria
08/04/2019 13h54
O novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, assume a pasta como o mais forte candidato à sucessão de Paulo Guedes no comando da Economia, se este desistir do cargo por conta do enxugamento da reforma da Previdência.
Guedes já disse mais de uma vez que não tem apego ao cargo e que, se a reforma não for aprovada como quer, pedirá demissão.
Weintraub comunga das ideias ultraliberais do ministro da Economia em gênero, número e grau. Mas é mais próximo de Jair Bolsonaro e dos filhos.
Ele também não esconde sua admiração por Olavo de Carvalho, o guru dos filhos do presidente da República.
Na verdade, o novo ministro é uma síntese de Paulo Guedes com Olavo de Carvalho. Tem até o mesmo temperamento mercurial de ambos e as mesmas inabilidades, digamos assim, no trato pessoal.
Mas não chegou ao governo pelas mãos nem de Guedes, nem de Olavo.
Weintraub foi apresentado a Bolsonaro pelo chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, quando este ainda era deputado.
Onyx entusiasmou-se com uma palestra que Abraham e seu irmão, Arthur, ministraram no Congresso sobre Previdência, em 2017.
Os dois irmãos são especialistas em direito previdenciário. Acabaram se juntando à campanha antes mesmo da chegada de Paulo Guedes e depois integraram a equipe de transição do governo.
Abraham assumiu como secretário-executivo de Onyx Lorenzoni e Arthur Weintraub tornou-se assessor-chefe adjunto da Presidência da República.
Ou seja, os dois são homens do Planalto, já acostumados ao convívio direto com o presidente da República e com as ideias conservadoras e ultraliberais que norteiam o governo.
Sobre o autor
Tales Faria largou o curso de física para se formar em jornalismo pela UFRJ em 1983. Foi vice-presidente, publisher, editor, colunista e repórter de alguns dos mais importantes veículos de comunicação do país. Desde 1991 cobre os bastidores do poder em Brasília. É coautor do livro vencedor do Prêmio Jabuti 1993 na categoria Reportagem, “Todos os Sócios do Presidente”, sobre o processo de impeachment de Fernando Collor de Mello. Participou, na Folha de S.Paulo, da equipe que em 1986 revelou o Buraco de Serra do Cachimbo, planejado pela ditadura militar para testes nucleares.
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