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Centrão não aceita recuo do presidente da CCJ e pretende impor a inversão

Tales Faria

12/04/2019 20h10

Já que o presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), recuou na inversão da pauta para a sessão de segunda-feira, o Centrão pretende atropelá-lo.

A ideia é apresentar requerimento cobrando a votação do Orçamento impositivo antes da reforma da Previdência logo no início da sessão.

Junto com a oposição, PP, PR, DEM, PRB, Podemos e Solidariedade têm ampla maioria na comissão.

"Nós apresentaremos o requerimento. Agora, se a votação será rápida ou lenta vai depender do presidente da CCJ", disse ao blog o líder do PP, Arthur Lira (AL).

Ou seja, se Francischini insistir em se opor à maioria, a discussão e a votação da inversão de pauta tendem a demorar. Com isso será atrasada mais ainda a votação da reforma da Previdência.

Arthur Lira, no entanto, não aceita falar em Centrão:

"Esse bloco não existe. Existiu um grupo de partidos que ajudou a eleger Rodrigo Maia (DEM-RJ) como presidente da Câmara. Mas Centrão não existe. É coisa do passado. E nem Rodrigo, nem ninguém manda nesse grupo."

Ontem à noite Francischini havia telefonado para os líderes informando que aceitara a inversão de pauta e a indicação de Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) como relator do Orçamento.

Hoje, após a divulgação do acordo pelo blog, a bolsa caiu e o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, telefonou para Francischini. Cobrou que o presidente da CCJ recuasse, o que acabou ocorrendo.

Os agentes do mercado temem que, com a inversão da pauta, a votação da reforma da Previdência na CCJ fique para depois da Páscoa. Também ficaram preocupados com a interferência do Planalto obrigando a Petrobras a cancelar o aumento do preço do diesel.

Na tarde de ontem, o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), e o líder do PSL, Delegado Waldir (GO), haviam aceitado a inversão.

"Não tem problema votar o Orçamento Impositivo desde que não haja prejuízo para votação da reforma da Previdência na CCJ", chegou a declarar Delegado Waldir.

Ao site "Poder360", Francischini acenou com um recuo do recuo: "O plenário da comissão é soberano. se alguém apresentar o pedido para inversão da pauta, eu vou pautar e o plenário decide."

 

 

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Sobre o autor

Tales Faria largou o curso de física para se formar em jornalismo pela UFRJ em 1983. Foi vice-presidente, publisher, editor, colunista e repórter de alguns dos mais importantes veículos de comunicação do país. Desde 1991 cobre os bastidores do poder em Brasília. É coautor do livro vencedor do Prêmio Jabuti 1993 na categoria Reportagem, “Todos os Sócios do Presidente”, sobre o processo de impeachment de Fernando Collor de Mello. Participou, na Folha de S.Paulo, da equipe que em 1986 revelou o Buraco de Serra do Cachimbo, planejado pela ditadura militar para testes nucleares.

Sobre o blog

Os bastidores da política pela ótica de quem interessa: o cidadão que paga impostos e não quer ser manipulado pelos poderosos. Investigações e análises com fatos concretos, independência e sem preconceitos.


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