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Busca e apreensão na casa de general não seria feita sem consulta à Defesa

Tales Faria

16/04/2019 12h01

O presidente do STF, Dias Toffoli, nomeou um assessor militar assim que assumiu o cargo: o general Fernando Azevedo e Silva.

Tornou-se amigo do assessor, que só deixou o cargo para assumir como ministro da Defesa.

Fernando Azevedo e Silva, por sua vez, foi indicado ao STF pelo respeitado então comandante do Exército, general Villas Bôas.

Toffoli negará de público, mas ele não costuma se mexer na área militar sem consultar seu ex-assessor e hoje poderoso chefe das três Forças.

Nem o ministro do STF Alexandre de Moraes tem tomado qualquer atitude na guerra contra os exageros do Ministério Público e da Lava Jato sem combinar com Toffoli. Embora os ministros neguem terminantemente que conversem entre si.

Ou seja, certamente o ministro da Defesa foi consultado antes de o STF mandar a Polícia Federal realizar busca e apreensão na casa do general da reserva e bolsonarista Paulo Chagas (https://twitter.com/GenPauloChagas/status/1118087457017335809?s=08).

Paulo Chagas foi candidato a governador do Distrito Federal pelo PRP. Não se elegeu. Foi um dos poucos a quem a onda bolsonarista de 2018 não elevou ao poder.

Ele também não tem qualquer liderança entre seus pares.

E os chefes militares, em geral, estão simpáticos ao STF nessa briga contra os exageros do Ministério Público.

A ala moderada da caserna, liderada pelo ministro da Defesa, vê nos exageros da Lava Jato, hoje, o caldo de cultura para o radicalismo dos bolsonaristas de raiz como Olavo de Carvalho e os filhos do presidente.

O próprio general Chagas, embora um radical contra o STF, tentava se distanciar da turma do Olavo em tuítes como aquele em que ele criticava os olavistas como "´pretensiosos que se julgam únicos capazes de conduzir Bolsonaro à libertação do Brasil" e que "julgam os militares como inimigos" (https://twitter.com/GenPauloChagas/status/1117991729263673344).

 

Há, de fato, um temor da ala mais moderada dos militares de que a invasão desperte algum espírito de corpo na caserna. Mas se o próprio ministro da Defesa foi consultado, ele já devia ter essa reação em conta.

[Nota da redação — Às 18h32 o blog recebeu a seguinte nota da Assessoria de Imprensa do Ministério da Defesa: "O Ministro da Defesa, General Fernando Azevedo e Silva, jamais foi consultado pelo Supremo Tribunal Federal, conforme publicação feita nesta terça-feira, no site UOL, pelo jornalista Tales Faria.  O ministro repudia qualquer tipo de ilação envolvendo o seu nome e ações de responsabilidade exclusiva da Suprema Corte da República."]

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Sobre o autor

Tales Faria largou o curso de física para se formar em jornalismo pela UFRJ em 1983. Foi vice-presidente, publisher, editor, colunista e repórter de alguns dos mais importantes veículos de comunicação do país. Desde 1991 cobre os bastidores do poder em Brasília. É coautor do livro vencedor do Prêmio Jabuti 1993 na categoria Reportagem, “Todos os Sócios do Presidente”, sobre o processo de impeachment de Fernando Collor de Mello. Participou, na Folha de S.Paulo, da equipe que em 1986 revelou o Buraco de Serra do Cachimbo, planejado pela ditadura militar para testes nucleares.

Sobre o blog

Os bastidores da política pela ótica de quem interessa: o cidadão que paga impostos e não quer ser manipulado pelos poderosos. Investigações e análises com fatos concretos, independência e sem preconceitos.


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