Área econômica do governo pede a Bolsonaro que vete gratuidade de bagagens
Tales Faria
22/05/2019 11h08
O ministério da Economia e a Agência Nacional de Aviação Civil recomendarão ao Palácio do Planalto o veto à gratuidade de bagagens nas passagens aéreas aprovada pela Câmara.
Ontem à noite os deputados votaram a favor um projeto substitutivo à medida provisória 863 que ampliou a 100% a participação de capital estrangeiro nas empresas aéreas sediadas no Brasil.
Contra recomendação do Planalto, foi aprovada a franquia de bagagem de até 23 kg nas aeronaves acima de 31 assentos em voos nacionais. Nas linhas internacionais, a franquia funcionará pelo sistema de peça ou peso, seguindo a regulamentação específica a ser elaborada.
A MP 863 deve ser votada ainda hoje no Senado. O relator do substitutivo na Comissão Mista das duas Casas foi o senador Roberto Rocha (MA), líder do PSDB.
A expectativa é de que o plenário aprove o texto com a franquia, sem alterações, deixando para Bolsonaro o ônus junto à opinião pública de vetar a gratuidade da bagagem.
Em maio de 2017 o Congresso aprovou o fim da franquia, sob o argumento de que isso iria baratear os preços das passagens.
Mas isto não ocorreu.
Agora a Anac e a área econômica do governo consideram que, se a franquia voltar, as companhias aéraes elevarão mais uma vez seus preços e o consumidor será duplamente penalizado.
Durante a votação na Câmara ontem, o vice-líder do governo, Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), resolveu acompanhar a maioria dos demais líderes e encaminhou pela volta da franquia.
O líder do Novo, deputado Marcel Van HatteM (RS), não só defendeu a manutenção da cobrança como pediu ao vice-líder do governo que recomendasse ao presidente Bolsonaro que vete este trecho.
Mas Sóstenes não se pronunciou sobre a possibilidade de veto e nem voltou atrás no encaminhamento de plenário pela liderança do governo.
Às 13h50 a Anac enviou ao blog a seguinte declaração: "A assessoria da Anac esclarece que respeita a soberania do Congresso Nacional e não confirma as informações."
Sobre o autor
Tales Faria largou o curso de física para se formar em jornalismo pela UFRJ em 1983. Foi vice-presidente, publisher, editor, colunista e repórter de alguns dos mais importantes veículos de comunicação do país. Desde 1991 cobre os bastidores do poder em Brasília. É coautor do livro vencedor do Prêmio Jabuti 1993 na categoria Reportagem, “Todos os Sócios do Presidente”, sobre o processo de impeachment de Fernando Collor de Mello. Participou, na Folha de S.Paulo, da equipe que em 1986 revelou o Buraco de Serra do Cachimbo, planejado pela ditadura militar para testes nucleares.
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