Carlos Bolsonaro não aguenta mais o vice, Mourão, e pede a volta do pai
Tales Faria
07/06/2019 08h42
O vice-presidente, general Hamilton Mourão, errou ao dizer, em entrevista à revista "Época" publicada hoje, que o filho Carlos do presidente Jair Bolsonaro andava sumido.
Foi apenas uma citação, mas o suficiente para irritar aquele que o próprio Bolsonaro classifica como seu "filho pitbull".
Mourão só respondeu a uma pergunta do colunista Guilherme Amado. sem se estender. Veja o trecho da entrevista:
"As coisas deram uma acalmada na relação entre os núcleos militar e ideológico, não? Depois de o Olavo de Carvalho atacar o general Eduardo Villas Bôas, debochando da doença dele, aquilo meio que foi o fundo do poço da relação entre militares e olavistas, não foi?
Foi. Alguém chegou para essa turma (os olavistas) e disse: "Chega". Acho que o próprio presidente pode ter feito isso.
Foi o presidente que fez isso?
Não sei.
O ministro Augusto Heleno?
Não sei.
O vereador Carlos Bolsonaro parece ter sido controlado. Foi?
O Carlos sumiu."
Hoje mesmo Carlos Bolsonaro respondeu no Twitter com um post pedindo a volta do "presidente de verdade" da Argentina. Enquanto seu pai viaja, o cargo está sendo ocupado pelo vice-presidente da República, o general Mourão.
Veja o tuíte:
Não erra só o Mourão ao dizer que o Carlos sumiu. Também erra quem imagina que acabou a encrenca dos militares com os bolsonaristas, estes capitaneados pelos filhos do presidente e pelo guru da turma, o escritor Olavo de Carvalho.
Carlos aproveitou para, em outro tuíte de hoje mesmo, pedir a volta dos petardos em rede do seu guru:
Em outras palavras: essa novela não acabará tão facilmente.
Sobre o autor
Tales Faria largou o curso de física para se formar em jornalismo pela UFRJ em 1983. Foi vice-presidente, publisher, editor, colunista e repórter de alguns dos mais importantes veículos de comunicação do país. Desde 1991 cobre os bastidores do poder em Brasília. É coautor do livro vencedor do Prêmio Jabuti 1993 na categoria Reportagem, “Todos os Sócios do Presidente”, sobre o processo de impeachment de Fernando Collor de Mello. Participou, na Folha de S.Paulo, da equipe que em 1986 revelou o Buraco de Serra do Cachimbo, planejado pela ditadura militar para testes nucleares.
Sobre o blog
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