Bolsonaro adula Davi Alcolumbre de olho em aprovar o filho como embaixador
Tales Faria
18/07/2019 19h28
Já que está cada vez mais difícil o convívio com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente Jair Bolsonaro resolveu se aproximar do chefe da outra Casa do Congresso, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
O presidente do Senado foi convidado de honra para a cerimônia de comemoração dos 200 dias do governo, no Palácio do Planalto.
Logo após assinar os dez decretos da cerimônia, as primeiras palavras de Bolsonaro foram para o presidente do Senado, saudado como "colega de três legislaturas na Câmara", com quem ainda brincou. Ao seu modo, naturalmente: "Apesar da gravata cor de rosa, ele é meu amigo".
Bolsonaro abriu seu discurso relembrando que dos seus 28 anos de Congresso, "12 dos quais foram ao lado de Alcolumbre". Citou o presidente do Senado por várias vezes e, ao final, foi ao ponto que realmente interessa ao presidente neste momento: a indicação de seu filho para embaixador nos EUA.
Argumentou em defesa do filho, falou da amizade de Eduardo Bolsonaro com a família de Donald Trump e da sabatina a que ele será submetido na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
"Essa possível indicação passa por vocês, Davi Alcolumbre. Vai ser analisada com rigor e ele vai ser aprovado", disse Bolsonaro.
Ao longo de toda a solenidade os dois trocaram abraços, apertos de mão e cochichos ao pé de ouvido.
Quando foi sua vez de falar, Alcolumbre elogiou Rodrigo Maia, falou da produção do Congresso, da importância das instituições para a democracia e terminou dizendo a Bolsonaro: "o Parlamento estará à sua disposição".
Sobre o autor
Tales Faria largou o curso de física para se formar em jornalismo pela UFRJ em 1983. Foi vice-presidente, publisher, editor, colunista e repórter de alguns dos mais importantes veículos de comunicação do país. Desde 1991 cobre os bastidores do poder em Brasília. É coautor do livro vencedor do Prêmio Jabuti 1993 na categoria Reportagem, “Todos os Sócios do Presidente”, sobre o processo de impeachment de Fernando Collor de Mello. Participou, na Folha de S.Paulo, da equipe que em 1986 revelou o Buraco de Serra do Cachimbo, planejado pela ditadura militar para testes nucleares.
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