Eduardo Bolsonaro não está seguro da aprovação na sabatina dos senadores
Tales Faria
19/08/2019 07h49
Em campanha para assumir a embaixada do Brasil nos Estados Unidos, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) já visitou os integrantes da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado. Mas ele ainda não está seguro dos votos.
A comissão tem 19 integrantes. Nove estão indecisos ou não revelaram ainda seus votos, segundo levantamento feito pelos repórteres do UOL Hanriikson Andrade e Guilherme Maziero.
O presidente Jair Bolsonaro, disse que só indicará formalmente o filho quando Eduardo tiver uma avaliação de que já conquistou votos suficientes para a aprovação de seu nome na comissão.
Após a indicação formal, o deputado será sabatinado pelos senadores da CRE que recomendarão ao plenário, em votação secreta, se ele deve ou não assumir a embaixada. O plenário, então, fará nova votação, também secreta.
A aprovação do nome de seu filho para a embaixada é considerada por Bolsonaro como prioridade absoluta no Senado no momento, independentemente da reforma da Previdência.
Os nove cujos votos ainda não foram revelados são:
- Nelsinho Trad (PSD-MS);
- Messias Junior (PRB-RR);
- Esperidião Amin (PP-SC);
- Ciro Nogueira (PP-PI);
- Antonio Anastasia (PSDB-MG);
- Fernando Collor de Mello (PROS-AL);
- Zequinha Marinho (PSC-PA);
- Romário (Podemos-RJ);
- Humberto Costa (PT-PE)
Eduardo Bolsonaro tem reservado tardes inteiras de sua agenda para essas conversas. Considera Humberto Costa e Katia Abreu votos certos contra sua indicação. Somados aos 6 que já se declararam ao UOL contrários, são oito votos. Ficam faltando dois para uma derrota.
O filho do presidente não está seguro quanto aos votos de:
- Esperidião Amin;
- Ciro Nogueira;
- Fernando Collor de Mello;
- Antonio Anastasia.
Ex-governador de Minas Gerais, Anastasia tem dito a colegas que teve uma "excelente impressão" do filho de Bolsonaro. Mas seu partido, o PSDB, está se movimentando em direção à oposição e ele ainda não definiu o voto.
O senador Esperidião Amin não se afirma indeciso, mas também não revelou publicamente o voto. Ao blog ele conta:
"Reafirmei ao deputado que a sabatina será decisiva. Sugeri que ele se prepare bem. A questão crucial é saber se o Brasil continuará a ser um país com posições soberanas."
Eduardo, por sua vez, irá afirmar na sabatina que sua proximidade com a família do presidente Donald Trump ajuda nas relações dos dois países, mas que ele não abrirá mão da soberania brasileira. Não se sabe se Esperidião se dará por convencido.
Presidente nacional do PP, Ciro Nogueira sente-se mal tratado pelo presidente da República. Acha que Bolsonaro quer tirar-lhe o comando do partido. No Piauí ele é aliado do governador Wellington Dias (PT) apontado por Bolsonaro como um dos seus maiores adversários no Nordeste.
Quanto a Fernando Collor de Mello, ninguém tem muita certeza para qual lado ele irá.
Errata: Diferentemente do informado na relação de congressistas que ainda não revelaram seus votos, Humberto Costa é senador por Pernambuco, e não Ceará. O texto foi corrigido.
Sobre o autor
Tales Faria largou o curso de física para se formar em jornalismo pela UFRJ em 1983. Foi vice-presidente, publisher, editor, colunista e repórter de alguns dos mais importantes veículos de comunicação do país. Desde 1991 cobre os bastidores do poder em Brasília. É coautor do livro vencedor do Prêmio Jabuti 1993 na categoria Reportagem, “Todos os Sócios do Presidente”, sobre o processo de impeachment de Fernando Collor de Mello. Participou, na Folha de S.Paulo, da equipe que em 1986 revelou o Buraco de Serra do Cachimbo, planejado pela ditadura militar para testes nucleares.
Sobre o blog
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