Pré-candidato, Luciano Huck diz a aliados estar disposto a deixar a Globo
Tales Faria
26/09/2019 09h00
O apresentador de TV Luciano Huck reuniu-se na segunda-feira da semana passada com um time peso-pesado do PSDB, do DEM e do Cidadania para comunicar sua disposição em concorrer à Presidência da República em 2022.
Perguntado se não temia novo veto da Globo à sua candidatura, Huck respondeu que não.
Segundo ele, muito provavelmente a Globo será contra sua permanência nos quadros da emissora assim que anunciar a candidatura. Mas ele disse estar disposto, desta vez, a "enfrentar o desafio".
O encontro ocorreu durante um jantar em sua casa do Rio de Janeiro. O blog levantou que estavam presentes: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o economista Armínio Fraga, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente do DEM e prefeito de Salvador, ACM Neto, os ex-ministros Mendonça Filho e Raul Jungmann, o presidente do Cidadania, Roberto Freire, o líder do partido na Câmara, Daniel Coelho (PE), e o empresário Leandro Machado, do movimento Agora!.
Todos os presentes se dizem simpáticos à candidatura. Mas a opinião generalizada, inclusive do possível candidato, é de que é muito cedo para qualquer anúncio.
Há uma primeira barreira a ser ultrapassada: as eleições municipais de 2020.
Primeiro, porque darão um sinal da força de movimentos de renovação política nos quais Huck se engajou, como o Agora! E o RenovaBR. A expectativa do apresentador é de que elejam até uns 4 mil vereadores que dariam alguma capilaridade à eventual campanha presidencial de 2022.
Depois, porque a aliança também depende do desempenho dos partidos envolvidos. Isso será importante para definir inclusive a sua filiação como candidato, hoje mais próxima do Cidadania.
Há ainda que avaliar, em 2020, o desempenho de outros pré-candidatos. O principal deles é o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
Hoje, Doria tem se colocado como o principal adversário de Jair Bolsonaro pelo centro, mesma faixa em que Huck pretende se colocar
Se Doria demonstrar força nas eleições municipais, a velha guarda do tucanato, que não vê o governador com bons olhos, terá dificuldades de impor uma aliança em torno da candidatura Huck.
Por fim, não vale apressar a ruptura com a Globo, que afinal é de onde sai a grande visibilidade do apresentador.
Na verdade, essa "ruptura", acreditam os presentes, seria apenas formal. Do jeito que o atual presidente da República tem declarado guerra à emissora, a Globo bem que torceria por um nome capaz de derrotá-lo em 2022.
Em 2018, quando Huck aventou sair candidato, a Globo deixou claro que ele não só teria que se desligar da emissora como também não voltaria aos seus quadros, caso fosse derrotado.
Desta vez, a expectativa é de que as portas não estariam fechadas para um eventual retorno.
O fato é que os presentes ao jantar saíram seguros de que, desta vez, as chances de candidatura do apresentador são maiores, assim como sua disposição de não desistir.
Sua mulher Angélica, a também apresentadora de programas da TV Globo, era tida como um empecilho. Desta vez não deu essa impressão. Não chegou a participar das discussões. Mas passou pela reunião, cumprimentou a todos e mostrou-se bastante simpática.
Empolgado, Huck tem viajado pelo Brasil em busca de apoios. Ainda na semana passada, depois do encontro do Rio, foi almoçar em São Paulo com a cúpula do DEM, incluindo o vice-governador, Rodrigo Garcia. Só para reforçar.
Às 12h30 a Globo enviou nota ao blog em que afirma não ter vetado a candidatura do apresentador em 2018, mas reafirmando que, se ele se dedicar à políca partidária, não voltará à emissora. Leia aqui.
Sobre o autor
Tales Faria largou o curso de física para se formar em jornalismo pela UFRJ em 1983. Foi vice-presidente, publisher, editor, colunista e repórter de alguns dos mais importantes veículos de comunicação do país. Desde 1991 cobre os bastidores do poder em Brasília. É coautor do livro vencedor do Prêmio Jabuti 1993 na categoria Reportagem, “Todos os Sócios do Presidente”, sobre o processo de impeachment de Fernando Collor de Mello. Participou, na Folha de S.Paulo, da equipe que em 1986 revelou o Buraco de Serra do Cachimbo, planejado pela ditadura militar para testes nucleares.
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